sábado, 21 de maio de 2011

SEGUNDA IMPLICAÇÃO: INTROVERSÃO x EXTROVERSÃO NO APRENDIZADO DE LÍNGUAS
O efeito do conhecimento gramatical sobre a performance linguística da pessoa dependerá muito da característica de personalidade de cada um.
Pessoas que tendem à introversão, à falta de autoconfiança ou ao perfeccionismo, pouco se beneficiarão de um conhecimento da estrutura da língua e de suas irregularidades. O efeito pode até ser adverso, no caso de uma língua com alto grau de irregularidade como o inglês. Com pouco ou nenhum contato com a língua falada e depois de anos de inglês inspirado em learning no ensino médio e em alguns cursos livres, onde desvios naturais de linguagem são classificados como "erros" e prontamente corrigidos e reprimidos, o aluno adquire consciência da alta probabilidade de se cometer erros com a língua. Para aqueles que por sua natureza são inseguros, isto representa um bloqueio que compromete a espontaneidade.
Por outro lado, pessoas que tendem à extroversão, a falar muito, de forma espontânea e improvisada, também pouco se beneficiarão de learning, uma vez que a função de monitoramento é quase inoperante, está submetida a uma personalidade intempestiva que se manifesta sem maior cautela. Os únicos que se beneficiam de learning, são as pessoas cujas características de personalidade se situam num ponto intermediário entre a introversão e a extroversão, e que conseguem aplicar a função de monitoramento de forma moderada e eficaz. Mesmo assim, este monitoramento só funcionará se ocorrerem 3 condições simultaneamente:
  • Preocupação com a forma: que a pessoa concentre atenção não apenas no ato da comunicação, no conteúdo da mensagem, mas também e principalmente na forma.
  • Existência e conhecimento da regra: que haja uma regra que se aplique ao caso, e que a pessoa tenha conhecimento desta regra e possíveis exceções.
  • Tempo suficiente: que a pessoa disponha de tempo suficiente para avaliar as alternativas com base nas regras incidentes.
O gráfico abaixo ilustra a relação entre as características de personalidade e o efeito de learning.

TERCEIRA IMPLICAÇÃO: INSTRUTOR NATIVO x NÃO-NATIVO
Uma vez que programas de ensino baseados em language learning trabalham predominantemente com a língua na sua forma escrita, seguindo um plano didático e tendo como objetivo primeiro transmitir informações e conhecimento,professores não-nativos com sua experiência de "já terem percorrido o mesmo caminho", em geral, levam vantagem sobre os nativos.
Já em language acquisition, não há propriamente um professor, há, isto sim, interação humana entre pessoas, na qual um funciona como agente facilitador e através da qual o outro (aprendiz) escolhe seu próprio caminho construindo sua habilidade na direção de seus interesses pessoais ou profissionais. Ao invés de um plano didático, programas delanguage acquisition oferecem experiências de convívio. Aqui, a presença de representantes autênticos da língua e da cultura que se busca assimilar é fundamental. Instrutores nativos, portanto, levam larga vantagem numa abordagem comunicativa, inspirada pelo conceito de language acquisition.
CONCLUSÃO
Krashen finalmente conclui que language acquisition é mais eficaz do que language learning para se alcançar habilidade funcional na língua estrangeira, não apenas na infância. Conclui-se também que o ensino de línguas eficiente não é aquele atrelado a um pacote didático predeterminado nem aquele que utiliza recursos tecnológicos, mas sim aquele que é personalizado, em ambiente bicultural, e que explora as habilidades pessoais do facilitador em construir relacionamentos, criando situações de comunicação real voltadas às áreas de interesse do aluno.

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